terça-feira, 21 de julho de 2020

O METABOLISMO E O EXERCÍCIO FÍSICO


O Metabolismo pode ser definido como o conjunto de processos físicos e químicos do nosso corpo que nos mantêm funcionando normalmente, como respiração, circulação sanguínea e função nervosa. Para realizar todos esses processos nosso corpo converte os alimentos que comemos em energia.

O nosso sistema digestivo transforma o alimento em combustível que é usado imediatamente ou armazenado nos tecidos do corpo.  A energia gastada ao longo do dia sem qualquer exercício físico é chamada de taxa metabólica basal ou de repouso. Embora não possamos controlar totalmente nosso metabolismo, sabemos que ele pode ser estimulado através dos exercícios físicos.

Nosso metabolismo é controlado pelos hormônios e pelo sistema nervoso. Quando consumimos alimentos, as enzimas digestivas quebram carboidratos, gorduras e proteínas em uma forma que o corpo possa usar para obter energia. O metabolismo envolve duas atividades que ocorrem simultaneamente – o anabolismo (acumulação de tecidos corporais e armazenamento de energia) e o catabolismo.

O anabolismo é a forma pela qual a energia é usada para suportar o crescimento de novas células. Além disso é usada para manter nossos tecidos corporais, sendo a energia armazenada como gordura. Já o catabolismo é a liberação de energia vinda de nossos alimentos, como carboidratos, gorduras e proteínas, no qual moléculas grandes são divididas em outras menores para fornecer energia imediata para o corpo. Esta energia fornece combustível para processos como o aquecimento do corpo e permite que nossos músculos se movam.

A taxa metabólica basal (TMB) é a taxa em que seu corpo queima energia enquanto está em repouso e representa 50-80 por cento do seu uso total de energia. Até certo ponto, sua TMB é determinada geneticamente, mas pode ser afetada por certos problemas de saúde e pelo nível de atividade física.  Quando você se exercita, você queima mais energia. Ser fisicamente apto também aumenta sua TMB porque quanto mais músculo e menos gordura nós temos maior é a nossa taxa metabólica (o músculo requer mais energia para funcionar do que a gordura).

Outros fatores que influenciam nossa TMB incluem:

*Idade – à medida que envelhecemos, nossos corpos tendem a ganhar gordura e a perder músculo, então nossa TMB diminui;  

*Tamanho corporal – adultos maiores têm uma TMB maior;

*Crescimento – lactentes e crianças têm maior demanda de energia;

*Gênero – os homens costumam ter um metabolismo mais rápido do que as mulheres devido à maior massa muscular;

*Temperatura – extremos de temperaturas altas ou baixas requerem o gasto de mais combustível;

*Dieta – durante uma dieta excessivamente restritiva a nossa TMB diminui para economizar energia;

*Drogas – certas drogas, como a cafeína, podem aumentar a TMB.

Existem dois principais tipos de metabolismo (aeróbio e anaeróbio) e são muito afetados pelos exercícios físicos e alterações hormonais. Além disso, o metabolismo influencia diretamente em muitas disfunções fisiológicas como obesidade, hipertensão e diabetes, assuntos que trataremos a seguir.

Tipos de metabolismo

Metabolismo durante os exercícios aeróbios

Durante os exercícios aeróbios o corpo tem um suprimento constante de oxigênio para produzir adenosina trifosfato (ATP), o que oferece ao indivíduo uma tremenda capacidade energética. O metabolismo aeróbio é o método mais lento de produção de energia (incluir o oxigênio no processo de produção de energia envolve reações mais complexas e demoradas) e utiliza principalmente gorduras e carboidratos como fontes de energia.

Os ácidos graxos (provenientes das gorduras) e o glicogênio (vindo dos carboidratos) são metabolizados e fragmentados formando substratos para o ciclo de oxalacetato. Os elétrons vão para a cadeia transportadora de elétrons e são então captados por moléculas de oxigênio dentro da mitocôndria. Esse processo é capaz de ressintetizar cerca de 36 moléculas de ATP para cada molécula de glicose. O limite desse sistema é a quantidade de oxigénio transportado para as mitocôndrias (Figura 1).


O sistema de produção de energia aeróbio utiliza carboidratos e gorduras com a participação do oxigênio. De um modo geral, qualquer atividade que dure mais de três minutos depende principalmente do metabolismo aeróbio de energia. Enquanto a intensidade dos exercícios for de leve a moderada a energia será produzida prioritariamente pelo metabolismo aeróbio. Com a presença de oxigênio, a situação o corpo é capaz de produzir energia e limpar os subprodutos de resíduos das reações químicas.

Se a intensidade do exercício aumenta até um ponto em que o corpo já não tem tempo para usar oxigênio na produção de energia, o sistema de geração de energia prioritário passará a ser o metabolismo anaeróbio.

Metabolismo durante os exercícios anaeróbicos

Metabolismo anaeróbio é o processo fisiológico que possibilita a produção de energia sem a utilização de oxigênio. O metabolismo anaeróbico é a fonte dominante de energia para atividades curtas e de alta intensidade, como levantar peso ou sprintar.

Esse sistema fornece energia a uma taxa elevada, mas em pequenas quantidades. Por esta razão os músculos se cansam após apenas uma dúzia de repetições. Apenas carboidratos podem ser usados para energia sem uso de oxigênio, fazendo desse nutriente crucial para o metabolismo anaeróbio. Existem dois mecanismos para a produção de energia sem a presença de oxigênio: metabolismo anaeróbio alático e lático.

O mecanismo de produção de energia anaeróbio alático é também chamado de mecanismo da fosfocreatina. Esse sistema fornece cerca de 10 segundos de energia e é usado durante esforços de curtíssima duração e altíssima intensidade. Não requer nenhum oxigênio para gerar ATP, pelo contrário, nos primeiros 2-3 segundos do exercício intenso utiliza o ATP já armazenado no músculo, e depois, até os próximos 6-8 segundos, usa a creatina fosfato (CP) para ressintetizar o ATP até a CP acabar (Figura 2).

As reservas de creatina fosfato no músculo são bem limitadas. Após o ATP e  CP serem consumidos o organismo passa para o metabolismo anaeróbio láctico, fornecendo ATP para o exercício.
Figura 2. Sistema de produção de energia anaeróbio alático, utiliza fosfocreatina (CP) para ressintetizar ATP sem a presença de oxigênio.

Já o mecanismo de produção de energia anaeróbio lático, também denominado glicogenólise, tem uma ação diferente. É um sistema mais complexo que o da creatina fosfato e consiste na degradação progressiva do glicogênio armazenado no músculo sem a utilização de oxigênio, de modo a fornecer energia pra que duas moléculas de ácido fosfórico se unam a outras duas moléculas de ADP (processo chamado de fosforilação) obtendo novas moléculas de ATP (Figura 3). Como resíduos dessa reação temos duas moléculas de água e outras duas de ácido lático.

Esse mecanismo é usado para exercícios de alta intensidade e que duram de 15 segundos até cerca de 2 minutos. Quando a produção de ácido láctico atinge um limite conhecido como o limiar de lactato, que provoca dores musculares, sensação de queimação no músculo e fadiga, tornando difícil manter tal intensidade.

Sistema Anaeróbio Lático


Figura 3. Sistema de produção de energia anaeróbio lático, utiliza o glicogênio muscular para a produção de energia, gerando como subproduto o ácido lático.

Como essa forma de metabolismo é limitada o indivíduo deve dar tempo ao seu corpo para se recuperar entre os períodos de treino ou reduzir sua intensidade. Assim, o sistema aeróbio assuma o fornecimento de energia. A maior deficiência do metabolismo durante o exercício anaeróbico, além do seu fornecimento limitado de energia, é que ele produz resíduos de produtos na forma de lactato. Embora o acúmulo de lactato não cause diretamente a fadiga muscular, a diminuição do pH ao redor das células musculares pode fazê-lo.

Os metabolismos aeróbios e anaeróbios não ocorrem separadamente, mas sim se sobrepõem e trabalham em conjunto para permitir que o indivíduo realize seus objetivos de exercício. O valor da contribuição de cada sistema de produção contribuição de energia depende principalmente da intensidade e, em segundo lugar, da duração do exercício.

Exercícios físicos e metabolismo

Um organismo em repouso apresenta respostas fisiológicas muito diferentes do que as observadas em situação de esforço. A ciência já demonstrou que os exercícios vão muito além do que gastar calorias. Eles têm grande influência no metabolismo por que alteram a produção de neurotransmissores e de grande parte dos hormônios. São necessárias diversas adaptações fisiológicas para que o indivíduo seja capaz de suprir a demanda metabólica dos exercícios físicos. As adaptações ocorridas são diretamente relacionadas ao tipo, a duração e à intensidade da atividade praticada.

Como vimos no início, o metabolismo é controlado pelo sistema nervoso e pelo sistema endócrino. Já se sabe que os exercícios físicos estimulam o funcionamento do sistema endócrino de forma aguda e crônica, aumentando a secreção de alguns hormônios e inibindo a de outros (Canali e Kruel, 2001). Veremos a seguir como os exercícios físicos podem alterar a produção hormonal, e assim, modificar nosso metabolismo.

Leptina

Antes da descoberta da leptina, em 1994, o tecido gorduroso era considerado apenas um excesso de massa corporal. Após essa data, descobriu-se que a gordura pode atuar como uma glândula, produzindo leptina e outros hormônios, bem como várias moléculas infamatórias.

A leptina é um hormônio fundamental na regulação do nosso sistema homeostático de energia. É liberada pelo tecido adiposo, comunicando ao cérebro a quantidade de gordura que temos armazenada e controlar a nossa saciedade. Quando os níveis de leptina estão baixos, ficamos com fome e quando estão altos ficamos satisfeitos. Em equilíbrio, a leptina nos ajuda a manter um peso saudável e nos permite evitar excessos.

Alguns autores avaliaram a concentração plasmática de leptina após uma única sessão de exercício moderado em obesos e não identificaram alterações significativas. Parece que o efeito dos exercícios físicos sobre a leptina ocorre a longo prazo, e somente quando os exercícios são capazes de mudar a composição corporal do indivíduo, diminuindo sua massa de gordura, que, consequentemente promoverá uma menor secreção da leptina pelo tecido adiposo (Machado W. Et al., 2015).

Insulina e Glucagon

O pâncreas é uma glândula que em sua porção endócrina produz dois hormônios muito importantes para a regulação da glicose no corpo, a insulina e o glucagon. A função do glucagon é aumentar a concentração de glicose plasmática através da glicogenólise e gliconeogênese hepática.

No princípio do esforço físico seus níveis se elevam de forma progressiva até os quinze minutos iniciais do exercício em seguida tende a se estabilizar. Parece haver uma relação linear entre o glucagon e a duração do exercício, ou seja, quanto mais durar o exercício mais glucagon será liberado.

Já a insulina tem como principal função regular o metabolismo da glicose por todos os tecidos, com exceção do cérebro. Funcionando inicialmente reabastecendo as reservas de glicogênio nos músculos e no fígado.

Em seguida caso os níveis de glicose plasmática estiverem ainda altos, ela, faz a captação da glicose plasmática pelas células adiposas que as transformam em triglicérides. Como no exercício, há uma estimulação de glucagon, com isso a estimulação da insulina é diminuída. Isto é, há uma relação inversamente proporcional entre o exercício e a insulina, em outras palavras, quanto maior for a duração do exercício menor será a produção de insulina (Macardle et al., 2003).

Adrenalina e noradrenalina

Também chamadas catecolaminas, sua produção parece ser bastante alterada pelo exercício físico. Esses dois hormônios, atuando juntos, tem grande importância no combate a obesidade, uma vez que promovem o aumento do gasto energético total através da maior liberação de glicose e de ácidos graxos na corrente sanguínea, bem como pelo aumento da taxa metabólica (Wilmore JH e Costill DL, 2001).

As catecolaminas são secretadas de forma diferenciada durante o exercício. Parece que intensidades moderadas de exercício (entre 50 e 75% do VO2máx) estimulam a produção de noradrenalina e intensidades mais altas (acima de 75% do VO2máx) estimulam a adrenalina.

Endorfinas

As endorfinas são hormônios produzidos na glândula hipófise e tem reconhecida ação analgésica. É comum relacionar a sensação de bem-estar, conforto, melhor estado de humor e alegria.

Além do seu efeito analgésico, acredita-se que as endorfinas controlem também a reação do corpo à tensão, regulando as algumas funções do sistema nervoso autônomo como as contrações da parede intestinal e determinando o humor.

Os exercícios aeróbicos de moderada intensidade parecem ser os melhores para a estimulação dos níveis plasmáticos de beta-endorfina. Em se tratando de treinamento resistido, parece que a liberação das endorfinas é maior quando o exercício tem. Já no exercício de resistência, maior duração e maiores intervalos de repouso entre as séries (Macardle et al., 2003).

Hormônio do crescimento

O hormônio do crescimento (GH) é produzido pela glândula hipófise e desempenha um importante papel fisiológico. Ele é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento desde os primeiros anos de vida até o envelhecimento.

Enquanto dormimos pela noite ocorre a maior liberação do GH. Após ser secretado, estimula as células do fígado para produzir do IGF-1 ou fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1.

O IGF-1 é essencial para a nossa saúde por estimular o crescimento celular, diminuir o percentual de gordura corporal, aumentar o anabolismo e a definição muscular, aumentar a síntese proteica, aumentar a reparação celular e aumentar a performance cardiovascular.

O exercício físico é capaz de alterar a secreção do hormônio do crescimento. Em geral, observa-se uma elevação na concentração do GH na circulação sanguínea nos primeiros 10 a 15 min de exercício físico, realizado na intensidade de aproximadamente 30% do VO2máx.

Ao fim da atividade a concentração do GH diminui gradativamente até chegar ao valor pré-exercício. Na maioria das vezes, esta redução pode ocorrer em aproximadamente 60 min (Wideman et al., 2002).

Parece que o aumento na produção do GH decorrente do exercício físico é maior em indivíduos sedentários do que em pessoas já treinadas. A maioria dos trabalhos indica que indivíduos não treinados, submetidos a uma sessão de exercício aeróbio, apresentam maior liberação do GH que indivíduos treinados (Weltman et al., 2006).

Na medida em que o organismo se acostuma ao treinamento físico, aumenta sua capacidade adaptativa e, para uma mesma intensidade de exercício já não é necessária tamanha elevação dos níveis de GH.

Assim, para continuarmos a promover aumentos significativos do GH seria interessante prescrever exercícios físicos próximos ou até acima do limiar anaeróbio (em torno de 85% da frequência cardíaca máxima).

Também o treinamento resistido pode ser benéfico para melhorar a secreção do GH. Observou-se maior liberação desse hormônio com o treinamento de musculação envolvendo grande número de repetições e maior síntese e liberação de ácido lático (Kraemer, Ratamess, 2005).

O aumento da acidose intramuscular pode estimular a atividade dos nervos simpáticos por meio de reflexo quimioreceptivo mediado por quimioereceptores intramusculares, aumentando a resposta do GH (Hoffman et al., 2003). Em geral, protocolos de exercícios resistidos com maior volume (10 a 12 repetições) e cargas moderadas (≤ 60%) parecem otimizar a secreção do GH.

Exercício físico e a síndrome metabólica

A síndrome metabólica é um conjunto de anormalidades metabólicas e fatores de risco que aumentam consideravelmente o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares. Estes incluem aumento da glicemia (≥ 5,6 mmol / L), aumento da pressão arterial (≥ 130/85 mmHg), dislipidemia (triglicerídeos no sangue ≥ 1,7 mmol / L e redução do colesterol de alta densidade [HDL-c]) e obesidade central.

A obesidade central reflete o aumento dos depósitos de gordura em torno dos órgãos abdominais (adiposidade visceral) e a medição da circunferência da cintura pode ser utilizada por uma simples ferramenta de triagem para isso, com diferentes limiares específicos da população e do país recomendados (entre 85-102 cm para homens e 80-90 Cm para mulheres). A presença de 3 ou 5 desses fatores de risco constitui um diagnóstico de síndrome metabólica (Alberti KGMM et al., 2009).

Felizmente, a síndrome geralmente pode ser revertida com mudanças de estilo de vida. A combinação de perda de peso e exercício produz o melhor efeito diminuindo os níveis de glicose no sangue, além dos níveis de lipídios e da pressão arterial, que melhoram significativamente com a prática regular de exercícios físicos e dieta.

O risco da síndrome metabólica progredir para o diabetes tipo 2 também reduz em 29-68%, sendo que esta melhoria pode exceder os benefícios das medicações atuais contra o diabetes (Laaksonen DE et al., 2005).

Embora a perda de peso permaneça fundamental para o gerenciamento da síndrome metabólica, o próprio exercício físico, mesmo sem a perda de peso, também melhora os níveis de glicose e HDL-c e reduz o risco de diabetes tipo 2 (Franz MJ et al., 2007).

Evidências recentes também confirmaram que a terapia com exercícios reduz a obesidade central, incluindo os níveis de gordura visceral, com ou sem perda de peso. Este ponto é importante, uma vez que a perda de peso, mesmo com todas as terapias atuais, geralmente é modesta e não é sustentável. Portanto, um foco em exercício físico ao invés de emagrecimento pode gerar melhores resultados fisiológicos.

O estudo Studies of a Targeted Risk Reduction Intervention Through Defined Exercise (Estudos de Intervenção de Redução de Risco Dirigido através do Exercício Definido) comparou os efeitos dos exercícios resistidos, dos exercícios aeróbios e da combinação de ambos, nos componentes da síndrome metabólica.

Realizado no ano de 2011, o estudo teve duração de oito meses, sendo que o treinamento resistido isolado foi realizado três vezes por semana, com oito exercícios para os principais grupos musculares, três series de oito a doze repetições em cada exercício. Já o exercício aeróbio consistiu de 120 min por semana em 75% do consumo máximo de oxigênio (VO2máx); e o exercício combinado foi a junção dos dois protocolos.

Após oito meses, os grupos exercício aeróbio e exercícios combinados apresentaram redução da massa corporal, triglicerídeos e circunferência da cintura, enquanto melhores índices de pressão arterial foram observados apenas no grupo que realizou os exercícios combinados. Quanto ao grupo treinamento resistido isolado, não houve modificações significativas em nenhum componente da síndrome metabólica (BATEMAN et al., 2011).

O papel do profissional da educação física

Os exercícios físicos assumem papel fundamental no estímulo do bom funcionamento do sistema nervoso central e do sistema endócrino. A partir disso há um aumento da taxa metabólica, além da maior eficiência dos processos fisiológicos, incluídas no metabolismo. Mediante isso, o papel do profissional da Educação Física torna-se muito relevante no sentido de motivar seu aluno a prática adequada de exercícios físicos.

Cabe aos professores de Educação Física selecionar conteúdos motivacionais e de se tornar um grande agente motivador frente seus alunos. O professor possui papel fundamental na motivação ou desmotivação dos alunos, pois a metodologia utilizada para desenvolvimento das aulas e treinos. Além do relacionamento aluno-professor e o conteúdo por ele apresentado também influenciam na participação e aderência aos treinos.

Cuidados e restrições

Na ânsia de aumentar o metabolismo e perder peso, muitas pessoas se engajam em um programa de exercícios físicos com dietas muito restritivas e as consequências negativas disso não demoram a aparecer. O profissional deve ficar alerta para reconhecer os sinais de uma dieta muito limitada na fisiologia do seu aluno.

Dietas muito restritivas podem levar a baixo peso e ciclos menstruais irregulares. Drásticas oscilações no peso corporal, podem ocasionar desequilíbrios hormonais importantes, podendo diminuir a produção hormonal (estrógenos são dependentes de gordura). Isto pode afetar a fertilidade e deixar ossos e articulações sem proteção.

Outra preocupação são os casos de anemia, pois uma dieta restritiva significa privação, especialmente de nutrientes essenciais ao corpo como vitamina B-12, folatos e ferro. Esses nutrientes são essenciais para a formação de células vermelhas do sangue.

Um outro cuidado que o profissional deve ter é o de respeitar os níveis de condicionamento físico do aluno. Um trabalho preparatório deve ser feito, com exercícios mais fáceis e básicos, e com menor intensidade. A partir disso, é necessário para preparar o aluno para futuras cargas de treinamento mais intensas, minimizando o risco de lesões.

Conclusões

Os exercícios físicos são uma importante ferramenta para o estímulo e o bom funcionamento do metabolismo. A secreção de diversos hormônios é alterada mediante a prática de exercícios, o que aumenta a taxa metabólica basal. Com isso, o indivíduo o metabolismo funcionará de maneira mais eficaz, gastando mais calorias para viver. A longo prazo, irá ajudar muito no controle do peso corporal e combate a obesidade e a síndrome metabólica.

Os exercícios físicos regulares atuam significativamente regulando os níveis de glicose no sangue, além de reduzir os casos de dislipidemias e baixar a pressão arterial de pessoas com a síndrome metabólica. Contudo, um bom programa de exercícios deverá ser prescrito levando em conta as individualidades do aluno como alimentação e níveis atuais de condicionamento físico.

Referências:
Canali ES, Kruel LFM. Respostas hormonais ao exercício.Rev Paul Educ Fis 2001;15 (2): 141-53.
Wallace Machado, Estêvão Rios Monteiro, Verônica Salerno Pinto. Leptina e exercício físico: mecanismos para controle do peso corporal. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.9. n.54. p.471-480. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.
Mcardle WD, Katch FI, Katch VL.Fisiologia do Exercício Energia Nutrição e Desempenho Humano. 5ª ed, Guanabara. Rio de Janeiro, 2003
Wilmore JH, Costill DL.Fisiologia do exercício e do esporte. 2ªed. Manole, 2001.
WIDEMAN, L.; WELTMAN, J. Y.; HARTMAN, M. L.; VELDHUIS, J. D.; WELTMAN, A. Growth hormone release during acute and chronic aerobic and resistance exercise: recent findings. Sports Med., v.32, p.987-1004, 2002.
WELTMAN, A. J.; WELTMAN, J. Y.; PRITZLAFF, C. J. R.; WIDEMAN, L.; PATRIE, J.; EVANS, W. S.; VELDHUIS, J. D. Growth hormone response to graded exercise intensities is attenuated and the gender difference abolished in older adults. J. Appl. Physiol., v.100, p.1623-1629, 2006.
KRAEMER, W. J.; RATAMESS, N. A. Hormonal responses and adaptations to resistance exercise and training. Sports Med., v.35, p.339-361, 2005.
HOFFMAN, J. R.; JOOHEE, I. M.; RUNDELL, K. W.; KANG, J.; NIOKA, S.; SPEIRING, B. A.; KIME, R.; CHANCE, B. Effect of muscle oxygenation during resistance exercise on anabolic hormone response. Med. Sci. Sports Exerc., v.35, p.1929-1934, 2003.
Alberti KGMM, Eckel RH, Grundy SM, et al. Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the International Diabetes Federation Taskforce on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation 2009; 120: 1640–45.
Laaksonen DE, Lindstrom J, Lakka TA, et al. Physical activity in the prevention of type 2 diabetes: the Finnish diabetes prevention study. Diabetes 2005; 54(1): 158–65.
Franz MJ, VanWormer JJ, Crain AL, et al. Weight-loss outcomes: a systematic review and meta-analysis of weight-loss clinical trials with a minimum 1-year follow-up. J Amer Diet Assoc 2007; 107(10):1755–67.
BATEMAN, L. et al. Comparison of aerobic versus resistance exercise training effects on metabolic syndrome (Studies of a Target Risk Reduction Intervention Though Defined Exercise – STRRIDE – AT/RT). Am J Cardiol, v. 108, p. 838-844, 2011.


sábado, 18 de julho de 2020

APÓS QUANTO DIAS SEM TREINAR EU COMEÇO A FICAR FORA DE FORMA?


Paola Machado

Mesmo para quem tem a atividade física como parte consolidada da rotina, é normal ficar um tempo sem treinar em algum momento da vida –seja por uma viagem de férias, seja por uma gripe, seja por exigências profissionais.

Mas após quantos dias sem fazer exercícios você começa a "perder" os ganhos físicos que levou meses (ou anos) para conquistar?

Não existe uma regra e isso varia de pessoa para pessoa, mas a seguir mostro algumas perdas que ocorrem com o destreinamento –só não confunda parar de treinar com dias de descanso, ok?

Em pessoas treinadas

 – Redução de força e resistência muscular

A maioria das pessoas começa a reduzir a força cerca de duas a três semanas após o período de inatividade. Mas isso depende muito do motivo pelo qual você precisou fazer esse intervalo. Por exemplo: se parou por conta de uma doença,  lesão ou estafa, você começará a perder força depois de duas a três semana. Agora, se ficou sem treinar por causa de uma viagem, férias, etc., sem nenhum motivo de saúde, essa redução de força pode demorar até cinco semanas.

Uma revisão publicada no Medicine and Science in Sports and Exercise analisou corredores, remadores e atletas de potência e mostrou que as fibras de força muscular parecem não mudar mesmo após um mês de inatividade. Entretanto, embora a força geral não mude muito nesse período, fibras musculares específicas para determinados esportes começam a mudar em apenas duas semanas sem treino. Por exemplo, atletas de resistência perdem uma quantidade significativa de fibras musculares de contração lenta e atletas de força reduzem significativamente suas fibras musculares de contração rápida.

O corpo trabalha para manter a força enquanto pode, mas habilidades que são muito especializadas para certos esportes irão diminuir mais rapidamente. Porém, se houver a treinabilidade, ou seja, se é uma pessoa que treina com comprometimento durante meses consecutivos, nada como a memória muscular para restabelecer o condicionamento assim que você retornar ao treino.

– Capacidade aeróbica 

Agora, falando em condicionamento cardiovascular e respiratório, estudos mostram que essa capacidade diminui muito mais rapidamente do que a força. Você nunca percebeu que quando fica muito tempo sem treinar, mesmo praticando há anos corrida, se torna mais custoso subir um lance de escadas?

Para você ter uma ideia, um estudo com ciclistas descobriu que quatro semanas de inatividade resultam em uma redução de 20% do VO2 max, que mede a capacidade máxima de uma pessoa de receber, transportar e utilizar oxigênio durante o exercício. Os resultados foram evidentes também em um outro estudo, que descobriu que, após 12 dias de inatividade, o VO2 max caiu em 7% e as enzimas no sangue associadas ao desempenho de resistência diminuíram em 50%.

Mas, por incrível que pareça, por mais que perca mais rapidamente o condicionamento cardiovascular, é muito mais fácil e rápido recuperá-lo, em comparação à força muscular.

Iniciantes 

– Redução de força

Em um estudo, pessoas que não eram treinadas começaram um treino e fizeram uma pausa de três semanas no meio de um programa de 15 semanas de um exercício de supino. Os voluntários que interromperam a atividade física terminaram a pesquisa com níveis de força semelhantes aos daqueles que não fizeram a pausa. Já um outro estudo mostrou que seis meses depois de abandonar um programa de treinamento de força de 4 meses, houve ainda a manutenção de 50% do ganho de força.

Vale explicar também que entre os iniciantes a força excêntrica, isto é, a força usada para alongar a musculatura (fase de "relaxamento" do movimento), pode ser mais difícil de perder do que a força concêntrica, que é quando o músculo é contraído. Um estudo com 13 homens não treinados descobriu que, três meses após o término de um programa de treinamento de três meses, eles mantiveram seus ganhos de força excêntrica, mas não sua força concêntrica.

O que é importante ressaltar é que, comparado a pessoas treinadas, iniciantes têm uma probabilidade menor de perder significativamente a força em um período de "folga" dos treinos, já que as conquistas também são pequenas. Enquanto os treinados estão com o nível de treino mais avançado, os iniciantes estão em um processo de adaptação.

– Capacidade aeróbica

Como nos treinados, o cardio é um pouco mais sensível ao tempo de folga. Um dos melhores estudos sobre os efeitos do destreinamento sobre ganhos de aptidão descobriu que os ganhos de VO2 max que foram feitos nos últimos dois meses são completamente perdidos após quatro semanas de inatividade.

Vale lembrar que há variáveis que devem ser levadas em consideração, como a idade, o gênero etc. Um estudo mostrou que, quando comparados a pessoas com 20 e 30 anos, os idosos perderam força quase duas vezes mais rapidamente do que pessoas mais novas durante um período de "destreinamento" de seis meses.

E, novamente, o motivo da pausa no treino é um fator importante. Quando os cientistas injetaram em voluntários inativos hormônios que imitavam o estresse de trauma ou doença, eles tiveram uma diminuição de 28% na força em 28 dias –uma taxa maior que a média.

Dicas para não perder o condicionamento

Independentemente de tudo o que foi exposto aqui, tenho que reforçar que é difícil manter anos após anos a rotina de treino sem uma pausa. Se isso acontecer, siga as dicas abaixo.

* Não pare de fazer aeróbico, mesmo que leve Não deixe de caminhar e manter uma rotina ativa, mesmo que não veja isso como um treino. Como falei, o condicionamento aeróbio é o mais fácil de reduzir; por isso, caminhadas na praia ou mesmo ao ar livre papeando com um amigo sempre são uma boa saída.

* Não pare de fazer aeróbico, mesmo que leve Não deixe de caminhar e manter uma rotina ativa, mesmo que não veja isso como um treino. Como falei, o condicionamento aeróbio é o mais fácil de reduzir; por isso, caminhadas na praia ou mesmo ao ar livre papeando com um amigo sempre são uma boa saída.

* Não avacalhe na alimentação Não é porque está de férias ou mesmo parou de treinar por algum motivo que você vai desandar na alimentação. Evite alimentos muito calóricos, junk foods, alimentos industrializados. Opte por uma alimentação equilibrada e distribua a alimentação no seu dia de forma apropriada para evitar sobrecarregar refeições.

* Foque em voltar a treinar Se você não conseguir treinar por alguma lesão, não se sinta culpado. Se esforce para se recuperar, despenda energia para sua recuperação e tenha paciência.

Referências:
 – Bruusgaard J.C.; et al. Myonuclei acquired by overload exercise precede hypertrophy and are not lost on detraining. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 2010 Aug 24;107(34):15111-6. – Mujika I.; et al. Muscular characteristics of detraining in humans. Medicine & Science in Sports & Exercise, 2001 Aug;33(8):1297-303. – Madsen K.; et al. Effects of detraining on endurance capacity and metabolic changes during prolonged exhaustive exercise. Journal of Applied Physiology, 1993 Oct;75(4):1444-51. – Coyle E.F.; et al. Time course of loss of adaptations after stopping prolonged intense endurance training. Journal of applied physio.

sábado, 11 de julho de 2020

OS BENEFÍCIOS DA CORRIDA EM CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO

O esporte melhora o humor, o sono, a resistência física e a saúde. Veja quanto tempo você precisa esperar para colher essas e outras vantagens

Por Lucas Imbimbo

Algumas pessoas começam a correr e logo desistem, por achar que o exercício não está dando resultados. Porém, a atividade física traz muitos ganhos que não conseguimos ver no espelho ou perceber na balança. Muitos deles, inclusive, são praticamente imediatos e você começa a colher no momento em que aperta o botão stop do seu relógio (ou até mesmo durante o treino). Já outros são garantidos em um prazo maior. A seguir, apresentamos os principais benefícios da corrida e quanto você precisa esperar para obter cada um deles. As informações foram levantadas com ajuda de Lucas Caseri, médico do esporte e consultor da Nutrifty, linha de alimentos da Integralmédica.
BENEFÍCIOS AGUDOS (IMEDIATOS)
Melhora do humor
Quando você corre por mais de 30 minutos, seu organismo começa a produzir neurotransmissores (como a endorfina) responsáveis pela sensação de euforia, prazer e relaxamento. Eles turbinam o humor. O exercício ainda ajuda a aumentar o nível de testosterona, hormônio ligado ao vigor e à disposição física.
Redução da pressão arterial
A atividade física diminui a pressão arterial em repouso. Isso reduz o estresse do organismo e melhora seu desempenho em tarefas diárias de grande tensão – como uma reunião importante com o chefe. Mais: em longo prazo, a hipertensão (pressão alta) é uma das principais causas de problemas como infarto e AVC.
Regulação do apetite
É muito comum os atletas terminarem o treino sem a menor vontade de comer. “O exercício têm efeito anorexígeno, ou seja, tira o apetite”, explica Lucas Caseri. Cientistas acreditam que os neurotransmissores produzidos durante a corrida inibem a ação de substâncias que enviam o sinal de fome ao cérebro. Uma pesquisa da Universidade de Aberdeen (Reino Unido) ainda aponta que a atividade física reduz o desejo por comidas pouco saudáveis, melhorando sua alimentação.
BENEFÍCIOS SUBAGUDOS (DE 1 a 3 MESES)
Ganho de resistência
Depois de três ou quatro semanas de atividade física já é possível perceber uma melhora no seu condicionamento físico. Subir escadas, andar até o ponto de ônibus ou brincar com seu filho, por exemplo, vai ficar muito mais fácil. Isso acontece, principalmente, devido à melhora das funções do sistema cardiorrespiratório e do aumento de glicogênio (combustível) muscular e de organelas (responsáveis pela produção de energia). .
Ajuste de temperatura
Como dito no item anterior, a corrida torna mais eficiente a produção energética em nosso corpo. Isso aprimora o controle da temperatura corporal, que é muito importante para evitar interferências em mecanismos fisiológicos como frequência cardíaca, frequência respiratória, metabolismo celular, digestão, sono, entre outros.
Melhora do sono
Há vários motivos que fazem a corrida garantir uma boa noite! Os principais deles são a melhor regulação da temperatura corporal, a liberação de substâncias relaxantes no organismo e o gasto do estoque de energia. Só fique atento: “Para algumas pessoas, fazer atividade física perto da hora de dormir pode prejudicar o sono. Isso porque, nosso organismo tende a ficar mais agitado ao término de um exercício. O recomendado é treinar pelo menos duas horas antes de se deitar”, orienta o médico do esporte Lucas Caseri.
BENEFÍCIOS CRÔNICOS (ACIMA DE 3 MESES)
Adaptações ortopédicas
As articulações, tendões, ossos e ligamentos ficam mais fortes. Assim, há um menor risco de torções, fraturas e problemas como osteoporose. “Para estimular essa evolução sem sobrecarregar o corpo, é importante aumentar progressivamente, sem pressa, a intensidade e o volume (distância) do exercício”, alerta Caseri.
Maior longevidade
Diversos estudos confirmam que a corrida reduz o risco de morte precoce e faz com que você viva por muito mais anos do que se não treinasse. Motivo: a atividade física regular inibe o aparecimento de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes,depressão e até alguns tipos de câncer.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

ZÉ ROBERTO GUIMARÃES TÉCNICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL FEMININO COMENTA EM LIVE


Em live promovida pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil), na quarta-feira (24/06), o técnico da seleção brasileira de voleibol feminino, José Roberto Guimarães admitiu preocupação com duas possíveis baixas para a Olimpíada de Tóquio-2020, prevista para acontecer em julho do ano que vem: "duas jogadoras querem ser mães", disse o treinador.

Zé Roberto não citou nomes, mas provavelmente ele se referiu à central Fabiana, que na ultima temporada atuou no vôlei japonês, e à ponteira Fê Garay, do Dentil/Praia Clube. as duas disputaram as duas ultimas Olimpíadas. Fabiana é bicampeã Olímpica (Pequim-2008 e Londres-2012). Fê Garay foi ouro em Londres.

- Esse fato de ter atrasado em um ano os jogos Olímpicos, no feminino, a gente teve alguns problemas. E o maior problema é que duas jogadoras do meu time, que eu estava esperando contar, tinham se programado para se tornarem mamães. E ai é uma coisa muito série, porque quando agente fala "ah é um ano", "espera um aninho", mas a realidade não é assim porque é um ciclo de quatro anos. Ela já se programou com alguns anos de antecedência, com o marido, com a família, e é mais um ano. Então, eu não sei se a gente vai ter algumas baixas. Estamos conversando, estamos analisando com essas que jogadoras. Elas estão ponderando para ver o que vai acontecer nas vidas delas, mas não é uma decisão muito fácil. até por que no feminino quando as jogadoras chegam na faixa etária de 30, a 32 anos elas pensam em constituir uma família. É diferente do masculino. É um risco que agente corre- disse Zé Roberto, único brasileiro tricampeão olímpico na história. Além dos dois ouros com a seleção masculina.

Zé Roberto falou ainda da dificuldade de se buscar um ouro olímpico ano que vem diante do crescimento de seleções como China, Sérvia e EUA, mais ainda assim acredito que o Brasil pode brigar por medalha.

- Acho que temos um bom time. Temos condições de brilhar com qualquer time do mundo. Nós não somos o melhor time. eu vejo a China na nossa frente, eu Sérvia na nossa frente, EUA na nossa frente. Esses três times. Mais a gente briga com esses três- comentou.

- Acredito muito na preparação.

Olimpíada é um momento mágico.

Acredito em tudo que você construiu no ciclo olímpico, no foco e na história que elas construíram e elas sabem o que elas precisam correr e na responsabilidade que elas tem como jogadoras. É uma responsabilidade muito grande vestir a camisa da seleção. Mais que agente vai brigar, agente vai brigar, pode ficar tranquilo- completou o treinador.

Participaram da live, cujo assunto foi o "novo planejamento técnico para Tokyo 2020", o vice-presidente do COB, Marco Antonio La Porta, gestor de auto rendimento da confederação brasileira de judô, Ney Wilson, o diretor técnico da confederação brasileira de Triatlo, Sérgio Santos, e o técnico da maratonista aquática Ana Marcela Cunha, Fernando Possenti.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

EXERCÍCIO FÍSICO GERA MUDANÇAS MOLECULARES NO CORPO; ENTENDA OS BENEFÍCIOS

Pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, mensuraram as reações que acontecem no organismo depois de uma sessão de atividade física
Fábio de Oliveira
Da Agência Einstein

Milhares de mudanças moleculares ocorrem no nosso corpo quando nos exercitamos. Um bom retrato das alterações está em uma pesquisa recém-divulgada pela Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.

É uma coreografia orquestrada de processos biológicos envolvendo metabolismo energético, estresse oxidativo, inflamação, reparação de tecido e resposta do fator de crescimento, descrevem os autores no resumo do periódico científico Cell, onde o trabalho foi publicado.

Ao todo, eles catalogaram 9.815 moléculas alteradas no sangue depois de uma sessão de exercícios. De acordo com os pesquisadores, uma mensuração tão completa assim talvez nunca tenha sido feita. Esses achados podem resultar em um simples teste sanguíneo capaz de determinar o quanto uma pessoa está apta fisicamente, um complemento aos que já são feitos hoje.

Como o estudo foi feito

Para realizar o estudo, os cientistas recrutaram 36 homens e mulheres, com média de índice de massa corporal de 29 (dentro do normal) e idades entre 40 e 75 anos. Todos fizeram o teste de VO, que mede o pico de captação e consumo de oxigênio durante o exercício. Uma amostra do sangue dos voluntários foi colhida antes do teste.

Os participantes, então, puseram uma máscara de medição de oxigênio e correram em uma inclinação leve até atingirem o nível mais alto de utilização de O2. Amostras de sangue foram colhidas novamente depois de 2 minutos, 15 minutos e 60 minutos.

Nos dois primeiros minutos depois do exercício, marcadores de inflamação, de recuperação de tecido e de estresse oxidativo, um subproduto do metabolismo, dispararam logo depois dos participantes descerem da esteira, quando o corpo começou a se recobrar. Nesse intervalo, as amostras de sangue revelaram que o organismo estava sintetizando alguns aminoácidos para ter energia, mas, cerca de 15 minutos depois, passou a usar como combustível a glicose, o açúcar do sangue. Segundo Michael Snyder, líder da pesquisa e um dos avaliados na iniciativa, o corpo recorre à reserva de glicose para se recuperar do esforço físico. Por isso, esse processo ocorre um pouco mais tarde.

Os cientistas também notaram algumas consistências no patamar de mensurações dos participantes que tiveram uma melhor performance no teste de VO2, apesar de isso não ser a intenção inicial. Eles observaram uma forte correlação entre milhares de moléculas, como marcadores de imunidade, metabolismo e atividade muscular, e o nível de capacidade aeróbica de um indivíduo.

Ação em todo o corpo

Os impactos do exercício físico são sistêmicos. No cérebro, há liberação do BDNF, um fator neurotrófico (tipo de proteína) que tem papel central no desenvolvimento e fisiologia do sistema nervoso central. "As capacidades de raciocínio e de aprendizado também são afetadas positivamente, assim como a saúde mental", diz o educador físico Bruno Gion, das Clínicas Einstein.

A prática promove o equilíbrio na disponibilidade de substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios (neurotransmissores) associados ao processamento das emoções. Entre eles, a serotonina e a dopamina. 

No sistema cardiovascular, o aumento da frequência cardíaca e da circulação de sangue durante o treino exige uma adaptação dos vasos sanguíneos. Substâncias envolvidas na vasodilatação, como o óxido nítrico e as prostaglandinas, são liberadas, contribuindo para regularizar a pressão arterial.