segunda-feira, 2 de novembro de 2020

ALIMENTAÇÃO PODE OTIMIZAR RECUPERAÇÃO PÓS - TREINO E TE FAZER RENDER MAIS

Paola Machado


As pessoas que praticam exercício físico regularmente possuem diferentes objetivos: desempenho esportivo, mudanças de composição corporal e bem-estar de uma forma geral. Independente da motivação, a atividade física promove uma série de mudanças, influenciando a capacidade do músculo se adaptar, sendo a dieta um importante fator para modular os resultados.

Você já deve ter observado que, dependendo do que e do quanto se come, o corpo muda, o humor muda e isso se reflete também no rendimento durante o treino. Mas será que há um alimento específico para me recuperar mais rápido e render mais?

Vamos dar algumas dicas simples para você inserir a partir de hoje na sua rotina de treinos:

Garanta um consumo calórico adequado

A falta de calorias, de um tipo certo de macronutriente —e aqui deve considerar carboidratos, proteínas e gorduras—, pode impedir as adaptações de treinamento de um atleta. Uma dieta ineficiente leva a:

Diminuição de força e massa muscular.

 Redução da massa óssea.

 Risco de desenvolver distúrbios na função do sistema imunológico, hormonal e reprodutivo.

 Aumento do risco de lesão, e maior prevalência de overreaching e overtraining.

Por isso, antes de pensar se a dieta deve ser low carb, high protein ou low fat, pense em uma dieta balanceada que atenda as demandas energéticas do seu treino garantindo as adaptações fisiológicas do treinamento.

Carboidratos do bem

Os carboidratos são a nossa principal fonte de energia para o treino e considerados essenciais para aqueles que possuem um alto volume de treino. Em função disso, existem inúmeras recomendações em relação ao tipo —simples, composto, de alto ou baixo índice glicêmico— e o momento —antes, durante, ou depois do exercício— de se consumir esse nutriente.

Para compreender um pouco mais sobre a importância deles, vamos pensar no abastecimento de um carro: se não tivermos combustível no tanque, o carro não anda. Da mesma forma, no nosso corpo, precisamos ter o nosso estoque de combustível, o glicogênio.

O glicogênio é a forma que armazenamos os carboidratos em nosso corpo; dessa forma, se não garantirmos bons estoques de glicogênio consumindo carboidratos, não conseguiremos realizar os treinos de forma efetiva. De maneira simplista, para garantir que o nosso "tanque" esteja cheio é preciso compreender a quantidade de carboidratos consumidas antes e depois dos treinos.

Pessoas envolvidas em um programa de condicionamento que não estejam treinando para qualquer tipo de meta de desempenho físico, normalmente atendem às necessidades diárias de carboidratos consumindo uma dieta normal, ou seja, com a distribuição de 45 a 55% de carboidratos (ou 3 a 5 gramas de carboidratos/kg/dia), 15 a 20% de proteína (ou 0,8 a 1,2 gramas de proteínas/kg/dia) e 25 a 35% de gordura (ou 0,5 a 1,5 gramas de gordura/kg/dia).

No entanto, atletas envolvidos em treinamento de volume moderado e alto precisam de maiores quantidades e esses valores variam de acordo com o tipo, intensidade e duração do exercício.

Proteínas

Uma quantidade insuficiente de proteína na dieta pode levar a um catabolismo proteico e recuperação muscular lenta. Com o tempo, isso pode levar à perda de massa muscular, lesões, doenças e intolerância ao treinamento físico. Neste contexto, existe um debate na literatura científica em torno da quantidade de proteína necessária por modalidade, tipo e intensidade de exercício.

As recomendações de proteínas para a população geral é, em média, de 0,8 gramas de proteína/kg de peso/dia, enquanto 1,2 a 2 gramas de proteína/kg/dia parece ser o suficiente para pessoas envolvidas em um programa de condicionamento físico geral —ou aquelas que simplesmente estão interessadas em otimizar sua saúde. Para atletas envolvidos em um treinamento intenso é indicado aumento da ingestão totalizando 1,4 a 1,8 gramas de proteínas/kg/dia.

Para se garantir um melhor estímulo para a nossa saúde muscular, as fontes de proteínas diferem no perfil de aminoácidos e isso implica na quantidade que cada uma deve ser consumida. Portanto, fique atento não somente ao consumo de proteína suficiente na dieta, mas também ao tipo de proteína consumido.

Sem medo de gorduras

Muitas pessoas acham que a gordura é a grande vilã de todas as dietas quando, na verdade, elas são essenciais para o funcionamento do nosso corpo. As gorduras têm papel na construção de células, na regulação da temperatura corporal, na proteção de órgãos vitais, no transporte de vitaminas, na formação de hormônios e auxiliam o sistema imunológico.

Ao contrário do que se possa imaginar, as recomendações dietéticas de ingestão de gorduras para atletas são semelhantes ou ligeiramente superiores às recomendações da população não-atleta para a promoção da saúde.

Essa necessidade da quantidade de gordura diária pode mudar a depender do status de treinamento ou das metas do indivíduo, para atletas é recomendado o consumo de 30% da sua ingestão calórica diária. Em casos de alto volume de treino, proporções de até 50% das calorias diárias podem ser ingeridas com segurança.

Dietas com alto teor de gordura parecem manter as concentrações circulantes de testosterona melhores do que dietas com baixo teor de gordura, por isso a redução de gordura da alimentação deve ocorrer de maneira pontual. Em situações de redução de gordura corporal a recomendação é de 0,5 a 1 grama de gordura/kg/dia, com o limite pelo menos 20% das calorias totais da dieta.

Colaboração de  Ana Paula Hayashi, nutricionista clínica e esportiva e especialista em obesidade, emagrecimento e saúde e Renata Luri, doutora em ciências da saúde, clínica La Posture e Unifesp.

Referências:- Kerksick C., Harvey T., Stout J., Campbell B. et al. International society of sports nutrition position stand: nutrient timing. J Int Soc Sports Nutr. 2008;5(1):17.

- Kerksick C.M., Arent S., Schoenfeld B.J. et al. International society of sports nutrition position stand: nutrient timing. J Int Soc Sports Nutr. 2017;14:33.

- Kerksick C.M., Wilborn C.D., Roberts M.D. et al. ISSN exercise & sports nutrition review update: research & recommendations. J Int Soc Sports Nutr. 2018; 15: 38.

- Hawley J.A., Tipton K. D. e Millard-Stafford M. L. Promoting training adaptations through nutritional interventions. Journal of Sports Sciences, July 2006; 24(7): 709 - 721.


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

AGRADECIMENTO DO JUDOCA MARCUS SANTOS A PAX INTERNACIONAL


O judoca Marcus Santos atleta do Minas Tênis Clube e família agradece a família Pax Internacional Mauricio e Marly pelo grande incentivo.

 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

JUDOCA MARCUS SANTOS ENCERRA CICLO DE TREINAMENTO EM JEQUIÉ



O judoca jequieense do Minas Tênis Clube Marcus Santos encerra ciclo de treinamento em Jequié.

Marquinhos que estava em Jequié sua cidade natal nesse período da pandemia treinando na associação Lucas Santos (núcleo da Cidade Nova) e na academia Life Time no Mandacaru treinando duas vez no dia de segunda a sexta e ainda sábado pela manhã, sendo que sempre monitorado pelo Minas Tênis Clube. 

Agradeço ao Sensei Lucas Santos, Gilberto e Gloria pais dos atletas Gilbert, Gabriel e João, a Ruan(Patinho), Adson, Hiago e Robert. A todos vcs obrigado pelo apoio.
 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

ADJ APRESENTOU ELENCO E COMISSÃO TÉCNICA PARA DISPUTA DO BAIANÃO SÉRIE B


 Foi apresentado na noite da última quarta-feira (23) o elenco e comissão técnica da Associação Desportiva Jequié (ADJ) que irá disputar o Campeonato Série B 2020. A apresentação foi realizada de forma online via as redes sociais do time no Facebook e Instagram. Segundo o diretor de futebol da equipe, George Ramos, a formação do elenco é uma mescla entre jogadores jovens e experientes. “Nós procuramos fazer um projeto que pudéssemos encaixar esses atletas com juventude, experiência e que conheça a competição, até porque contratamos o Paulo Sales, que é um treinador que conhece muito bem a série B do Baiano e principalmente se identifica muito com o Clube e tem um histórico muito positivo em relação aos acessos. Então as nossas contratações mescla juventude com experiência para que dentro da competição a gente venha utilizá-los no momento certo e conquistarmos o objetivo traçado que é a volta à elite do Campeonato Baiano”, afirmou George Ramos.  A ADJ irá estrear na competição no dia 25 de outubro, aniversário de Jequié, contra o Colo-Colo, no estádio Waldomirão.

Confira o elenco que irá disputar o Campeonato Baiano Série B pela ADJ:

Goleiros: João, Léo Paulista, Geovane.
Zagueiros: Bremer, Andreson, Gabriel, Rafael.
Laterais-direitos: Caio Jacobina, Edcarlos.
Laterais-esquerdos: William, Tiaguinho.
Volantes: Hércules, Guga.
Meias: Azevedo, Caio Jambeiro, Netinho, Ramon Santos.
Atacantes: Marcelo Pano, Rafael Gladiador, Rafael Granja

COMISSÃO TÉCNICA:

Treinador: Paulo Sales
Auxiliar Técnico: João Freire
Preparador Físico: Thiago Santa Bárbara
Preparador de Goleiros: Ivair Gomes
Fisioterapeuta: Kleyton Trindade
Supervisor: Jorge Santos
Massagista: José Carlos

Matéria por Ronny Brayner – Jornalista

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

EQUIPE BOLA DE OURO NA JEQUIÉ FM 89,7


 Campeonato baiano de futebol série B 2020.

Todos os jogos da ADJ rumo a série A em 2021. Com a equipe esportiva mais querida da cidade. Equipe BOLA DE OURO.

Transmissões esportivas pela rádio JEQUIÉ FM 89,7 de Jequié.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

DESCOBERTA MOLÉCULA QUE REGULA A ADAPTAÇÃO DOS MÚSCULOS AO EXERCÍCIO FÍSICO


Agência Fapesp.

O início de qualquer programa de atividade física provoca dores musculares que dificultam movimentos tão simples como o de levantar-se de um sofá. Com o tempo e um pouco de persistência os músculos se acostumam à demanda e ganham desenvoltura. O mediador celular que torna possível essa adaptação ao exercício acaba de ser descrito por pesquisadores da Harvard University (Estados Unidos) e da Universidade de São Paulo (USP) na revista Cell.

rata-se de um metabólito chamado succinato, até agora conhecido apenas por sua participação no processo de respiração celular dentro das mitocôndrias. Entre os autores do artigo estão o professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) Julio Cesar Batista Ferreira, integrante do Centro de Pesquisa de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e o pós-doutorando Luiz Henrique Bozi, que conduziu a investigação durante estágio na instituição norte-americana, com apoio da FAPESP.

"Nossos resultados revelam que durante o exercício físico o succinato sai da célula muscular e envia sinais para a vizinhança que induzem um processo de remodelamento do tecido. Os neurônios motores criam novas ramificações, as fibras musculares tornam-se mais homogêneas, o que lhes permite gerar mais força durante a contração, e todas as células passam a captar mais glicose da circulação para produzir ATP [trifosfato de adenosina, o combustível celular]. Há um ganho de eficiência", conta Ferreira à Agência FAPESP.

As conclusões do estudo estão baseadas em uma vasta gama de experimentos conduzidos com animais e também com voluntários humanos. O primeiro deles consistiu em comparar mais de 500 metabólitos presentes em um músculo da perna de camundongos antes e após os animais serem colocados para correr em uma esteira até a exaustão.

"Além das fibras musculares, o tecido também é composto por células imunes, nervosas e endoteliais. Se cada uma delas fosse uma casa, as ruas entre as casas seriam o espaço intersticial. Nós analisamos isoladamente cada uma das casas e também as ruas para descobrir o que muda na vizinhança após o exercício. Foi então que notamos um aumento significativo de succinato somente nas fibras musculares e no espaço intersticial", relata Ferreira.

Fenômeno semelhante foi observado em voluntários saudáveis, com idade entre 25 e 35 anos, durante uma intensa sessão de bicicleta ergométrica com 60 minutos de duração. Nesse caso, a análise foi feita com amostras de sangue obtidas por meio de cateteres inseridos na artéria e na veia femoral. Observou-se que com o exercício a concentração de succinato crescia substancialmente somente no sangue venoso que saía do músculo. Depois, durante a recuperação, esses valores caíam rapidamente.

A essa altura, os pesquisadores já estavam convencidos de que em resposta ao estresse provocado pelo exercício as células musculares liberavam succinato. Mas ainda era preciso descobrir como e, principalmente, por quê. A análise do sangue dos voluntários deu uma pista: outro composto cuja concentração aumentou com o exercício - tanto no sangue venoso quanto no arterial - foi o lactato (forma ionizada de ácido lático), um sinal de que as células tinham ativado seu sistema emergencial de geração de energia.

"O succinato é um metabólito que normalmente não consegue atravessar a membrana e sair da célula. Lá dentro, ele participa do ciclo de Krebs - uma série de reações químicas que ocorrem dentro da mitocôndria e resultam na formação de ATP. Mas quando a demanda energética aumenta muito e a mitocôndria não dá conta de atender, um sistema anaeróbico é ativado, o que causa a formação excessiva de lactato e acidifica o interior celular. Descobrimos que essa alteração de pH causa uma modificação na estrutura química do succinato que lhe permite passar pela membrana e escapar para o meio extracelular", conta Bozi.

A proteína transportadora que ajuda o succinato a sair da célula foi identificada por meio da análise do conjunto de proteínas (proteômica) presentes na membrana das células musculares dos camundongos e dos voluntários. Os resultados mostraram que, após o exercício, aumentava no tecido muscular a quantidade de MCT1, uma proteína especializada em carregar moléculas monocarboxiladas de dentro para fora da célula.

"O tipo de molécula que a MCT1 transporta é semelhante ao succinato quando sofre modificação química em meio ácido - ele deixa de ser dicarboxilado e torna-se monocarboxilado. Fizemos vários experimentos in vitro para confirmar se era esse o mecanismo induzido pelo exercício", conta o pós-doutorando.

Um dos testes foi submeter células musculares em cultura a uma condição de hipóxia (privação de oxigênio), com o objetivo de ativar o mecanismo anaeróbico de produção de energia e gerar lactato. Observou-se que isso era suficiente para induzir a liberação de succinato no espaço intersticial.

Outro experimento foi feito com células germinativas de sapos (oócitos) modificadas geneticamente para expressar a proteína MCT1 humana. Os pesquisadores comprovaram que somente ao serem colocados em um meio com pH ácido os oócitos passavam a liberar succinato.

"Já sabíamos, nesse ponto, que a acidez fazia o succinato sofrer um processo químico chamado protonação, que o torna capaz de se ligar à proteína MCT1 e atravessar a membrana para o meio extracelular. Mas ainda precisávamos descobrir o significado desse acúmulo do metabólito no espaço intersticial durante o exercício", conta Ferreira.

Porta-voz celular

Já está bem estabelecida na literatura científica a importância da comunicação entre as células para o processo de adaptação do organismo a qualquer tipo de estresse. Essa troca de sinais ocorre por meio de moléculas liberadas no espaço intersticial para se ligar a proteínas existentes na membrana de células vizinhas. A ativação desses receptores de membrana desencadeia processos que levam a modificações estruturais e funcionais no tecido.

"Nossa hipótese era de que o succinato desempenhava esse papel de regulação no músculo ao se ligar a uma proteína chamada SUCNR1 [receptor 1 de succinato, na sigla em inglês]. Ela está altamente expressa, por exemplo, na membrana dos neurônios motores", diz Bozi.

Para testar a teoria, foram feitos ensaios com camundongos geneticamente modificados para não expressar a SUCNR1. Os animais foram colocados para se exercitar livremente em uma roda própria para roedores durante três semanas - período suficiente para que houvesse modificações morfológicas e funcionais no tecido muscular.

"Seria esperado que as fibras se tornassem mais homogêneas e houvesse ganho de força, o que não ocorreu. Além disso, o exercício não promoveu nesses animais a ramificação dos neurônios motores - algo crucial para aumentar a eficiência da contração. E, finalmente, notamos que a capacidade das células de captar glicose não aumentou e que os animais apresentavam menor sensibilidade à insulina do que os camundongos não modificados. Ou seja, sem o receptor do succinato não houve o processo de remodelamento induzido pelo exercício", conta Ferreira.

Segundo o pesquisador, o estudo mostrou de forma inédita a ação parácrina do succinato no tecido muscular, ou seja, o papel da molécula de sinalizar para as células vizinhas a necessidade de modificar seus processos internos para se adequar ao "novo normal".

"O passo seguinte é investigar se esse mecanismo está perturbado em outras enfermidades caracterizadas pela alteração do metabolismo energético e acidificação celular - como é o caso das doenças neurodegenerativas, onde a comunicação entre astrócitos e neurônios é crítica para a progressão da doença", afirma Ferreira.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

MUSCULAÇÃO OU AERÓBIO: O QUE É MELHOR PARA PERDER PESO?

POR AMANDA PRETO
Quando o assunto é perder peso, esta dúvida é bem comum. O que podemos fazer para render o treino e conquistar esse objetivo?

Muita gente acha que só correr na esteira ou fazer outro tipo de exercício aeróbio é o suficiente para perder peso. O motivo dessa crença é que sempre é ensinado que o treino aeróbio de intensidade baixa ou moderada é o ideal para emagrecimento, pois utiliza a gordura como fonte de energia. Será?

Para responder a essa pergunta, o Ativo consultou a professora Carolina Adriano, da Competition Training Gym. Confira:

O que funciona melhor para perder peso?

Segundo Carolina, o melhor é tirar proveito das duas atividades, porque os benefícios vão além de perder peso. O aeróbio, por exemplo, melhora o condicionamento cardiorrespiratório, dando mais fôlego e resistência para a corrida e outras atividades.

“A musculação também tem um papel importante no processo de emagrecimento. Com ela, aumentamos a massa magra, que consome mais energia para sua manutenção. Ou seja, você queima mais calorias para isso”, explica.

Sem falar que o corpo continua gastando energia horas após o treino para se recuperar dos estímulos causados pelo exercício. E sabe aquela história de que corredor precisa fazer força fora do asfalto e da esteira?

“Treinos de fortalecimento como a musculação previnem e evitam lesões, principalmente em atividades aeróbias mais intensas e de alto impacto”, ressalta Carolina.

Tanto no aeróbio quanto no treino de força, o que faz a diferença no resultado é a intensidade aplicada ao exercício. “Um treino de musculação bem orientado e na intensidade correta pode ser mais intenso e até provocar um gasto calórico maior que um treino aeróbio”, afirma a professora da Competition.

HIITs são uma boa opção

Os treinos de alta intensidade (HIIT) que combinam aeróbio e fortalecimento são curtos e eficazes, pois levam o corpo ao limite, aceleram o metabolismo e queimam muitas calorias durante e depois do exercício. Porém, exigem cuidado do praticante.

“Precisa respeitar o que chamamos de interdependência. Se o volume do treino for alto, a carga deve ser moderada ou baixa e vice-versa”, ensina Carolina. “A intensidade do treino é determinada ou pelo volume ou pela carga, nunca os dois juntos. Isso é válido tanto para treino aeróbio quanto para musculação”, completa.

E finaliza com uma dica valiosa: “Você pode fazer o melhor treino que puder. Mas sem uma boa e devida orientação alimentar não conseguirá emagrecer como gostaria”.

Vamos para o que a ciência nos diz: são enumeros os artigos científicos que apresentam em nível de eficiência, a combinação dos dois quando o objetivo é PERDA DE PESO, tendo em vista que os estudos apresentam esses comparativos: (treinamento aeróbio; treinamento resistido/musculação e a combinação dos dois no programa de treinamento!

Fontes: American College of Sports Medicine; PubMed - NCBI; SciELO - Scientific

terça-feira, 21 de julho de 2020

O METABOLISMO E O EXERCÍCIO FÍSICO


O Metabolismo pode ser definido como o conjunto de processos físicos e químicos do nosso corpo que nos mantêm funcionando normalmente, como respiração, circulação sanguínea e função nervosa. Para realizar todos esses processos nosso corpo converte os alimentos que comemos em energia.

O nosso sistema digestivo transforma o alimento em combustível que é usado imediatamente ou armazenado nos tecidos do corpo.  A energia gastada ao longo do dia sem qualquer exercício físico é chamada de taxa metabólica basal ou de repouso. Embora não possamos controlar totalmente nosso metabolismo, sabemos que ele pode ser estimulado através dos exercícios físicos.

Nosso metabolismo é controlado pelos hormônios e pelo sistema nervoso. Quando consumimos alimentos, as enzimas digestivas quebram carboidratos, gorduras e proteínas em uma forma que o corpo possa usar para obter energia. O metabolismo envolve duas atividades que ocorrem simultaneamente – o anabolismo (acumulação de tecidos corporais e armazenamento de energia) e o catabolismo.

O anabolismo é a forma pela qual a energia é usada para suportar o crescimento de novas células. Além disso é usada para manter nossos tecidos corporais, sendo a energia armazenada como gordura. Já o catabolismo é a liberação de energia vinda de nossos alimentos, como carboidratos, gorduras e proteínas, no qual moléculas grandes são divididas em outras menores para fornecer energia imediata para o corpo. Esta energia fornece combustível para processos como o aquecimento do corpo e permite que nossos músculos se movam.

A taxa metabólica basal (TMB) é a taxa em que seu corpo queima energia enquanto está em repouso e representa 50-80 por cento do seu uso total de energia. Até certo ponto, sua TMB é determinada geneticamente, mas pode ser afetada por certos problemas de saúde e pelo nível de atividade física.  Quando você se exercita, você queima mais energia. Ser fisicamente apto também aumenta sua TMB porque quanto mais músculo e menos gordura nós temos maior é a nossa taxa metabólica (o músculo requer mais energia para funcionar do que a gordura).

Outros fatores que influenciam nossa TMB incluem:

*Idade – à medida que envelhecemos, nossos corpos tendem a ganhar gordura e a perder músculo, então nossa TMB diminui;  

*Tamanho corporal – adultos maiores têm uma TMB maior;

*Crescimento – lactentes e crianças têm maior demanda de energia;

*Gênero – os homens costumam ter um metabolismo mais rápido do que as mulheres devido à maior massa muscular;

*Temperatura – extremos de temperaturas altas ou baixas requerem o gasto de mais combustível;

*Dieta – durante uma dieta excessivamente restritiva a nossa TMB diminui para economizar energia;

*Drogas – certas drogas, como a cafeína, podem aumentar a TMB.

Existem dois principais tipos de metabolismo (aeróbio e anaeróbio) e são muito afetados pelos exercícios físicos e alterações hormonais. Além disso, o metabolismo influencia diretamente em muitas disfunções fisiológicas como obesidade, hipertensão e diabetes, assuntos que trataremos a seguir.

Tipos de metabolismo

Metabolismo durante os exercícios aeróbios

Durante os exercícios aeróbios o corpo tem um suprimento constante de oxigênio para produzir adenosina trifosfato (ATP), o que oferece ao indivíduo uma tremenda capacidade energética. O metabolismo aeróbio é o método mais lento de produção de energia (incluir o oxigênio no processo de produção de energia envolve reações mais complexas e demoradas) e utiliza principalmente gorduras e carboidratos como fontes de energia.

Os ácidos graxos (provenientes das gorduras) e o glicogênio (vindo dos carboidratos) são metabolizados e fragmentados formando substratos para o ciclo de oxalacetato. Os elétrons vão para a cadeia transportadora de elétrons e são então captados por moléculas de oxigênio dentro da mitocôndria. Esse processo é capaz de ressintetizar cerca de 36 moléculas de ATP para cada molécula de glicose. O limite desse sistema é a quantidade de oxigénio transportado para as mitocôndrias (Figura 1).


O sistema de produção de energia aeróbio utiliza carboidratos e gorduras com a participação do oxigênio. De um modo geral, qualquer atividade que dure mais de três minutos depende principalmente do metabolismo aeróbio de energia. Enquanto a intensidade dos exercícios for de leve a moderada a energia será produzida prioritariamente pelo metabolismo aeróbio. Com a presença de oxigênio, a situação o corpo é capaz de produzir energia e limpar os subprodutos de resíduos das reações químicas.

Se a intensidade do exercício aumenta até um ponto em que o corpo já não tem tempo para usar oxigênio na produção de energia, o sistema de geração de energia prioritário passará a ser o metabolismo anaeróbio.

Metabolismo durante os exercícios anaeróbicos

Metabolismo anaeróbio é o processo fisiológico que possibilita a produção de energia sem a utilização de oxigênio. O metabolismo anaeróbico é a fonte dominante de energia para atividades curtas e de alta intensidade, como levantar peso ou sprintar.

Esse sistema fornece energia a uma taxa elevada, mas em pequenas quantidades. Por esta razão os músculos se cansam após apenas uma dúzia de repetições. Apenas carboidratos podem ser usados para energia sem uso de oxigênio, fazendo desse nutriente crucial para o metabolismo anaeróbio. Existem dois mecanismos para a produção de energia sem a presença de oxigênio: metabolismo anaeróbio alático e lático.

O mecanismo de produção de energia anaeróbio alático é também chamado de mecanismo da fosfocreatina. Esse sistema fornece cerca de 10 segundos de energia e é usado durante esforços de curtíssima duração e altíssima intensidade. Não requer nenhum oxigênio para gerar ATP, pelo contrário, nos primeiros 2-3 segundos do exercício intenso utiliza o ATP já armazenado no músculo, e depois, até os próximos 6-8 segundos, usa a creatina fosfato (CP) para ressintetizar o ATP até a CP acabar (Figura 2).

As reservas de creatina fosfato no músculo são bem limitadas. Após o ATP e  CP serem consumidos o organismo passa para o metabolismo anaeróbio láctico, fornecendo ATP para o exercício.
Figura 2. Sistema de produção de energia anaeróbio alático, utiliza fosfocreatina (CP) para ressintetizar ATP sem a presença de oxigênio.

Já o mecanismo de produção de energia anaeróbio lático, também denominado glicogenólise, tem uma ação diferente. É um sistema mais complexo que o da creatina fosfato e consiste na degradação progressiva do glicogênio armazenado no músculo sem a utilização de oxigênio, de modo a fornecer energia pra que duas moléculas de ácido fosfórico se unam a outras duas moléculas de ADP (processo chamado de fosforilação) obtendo novas moléculas de ATP (Figura 3). Como resíduos dessa reação temos duas moléculas de água e outras duas de ácido lático.

Esse mecanismo é usado para exercícios de alta intensidade e que duram de 15 segundos até cerca de 2 minutos. Quando a produção de ácido láctico atinge um limite conhecido como o limiar de lactato, que provoca dores musculares, sensação de queimação no músculo e fadiga, tornando difícil manter tal intensidade.

Sistema Anaeróbio Lático


Figura 3. Sistema de produção de energia anaeróbio lático, utiliza o glicogênio muscular para a produção de energia, gerando como subproduto o ácido lático.

Como essa forma de metabolismo é limitada o indivíduo deve dar tempo ao seu corpo para se recuperar entre os períodos de treino ou reduzir sua intensidade. Assim, o sistema aeróbio assuma o fornecimento de energia. A maior deficiência do metabolismo durante o exercício anaeróbico, além do seu fornecimento limitado de energia, é que ele produz resíduos de produtos na forma de lactato. Embora o acúmulo de lactato não cause diretamente a fadiga muscular, a diminuição do pH ao redor das células musculares pode fazê-lo.

Os metabolismos aeróbios e anaeróbios não ocorrem separadamente, mas sim se sobrepõem e trabalham em conjunto para permitir que o indivíduo realize seus objetivos de exercício. O valor da contribuição de cada sistema de produção contribuição de energia depende principalmente da intensidade e, em segundo lugar, da duração do exercício.

Exercícios físicos e metabolismo

Um organismo em repouso apresenta respostas fisiológicas muito diferentes do que as observadas em situação de esforço. A ciência já demonstrou que os exercícios vão muito além do que gastar calorias. Eles têm grande influência no metabolismo por que alteram a produção de neurotransmissores e de grande parte dos hormônios. São necessárias diversas adaptações fisiológicas para que o indivíduo seja capaz de suprir a demanda metabólica dos exercícios físicos. As adaptações ocorridas são diretamente relacionadas ao tipo, a duração e à intensidade da atividade praticada.

Como vimos no início, o metabolismo é controlado pelo sistema nervoso e pelo sistema endócrino. Já se sabe que os exercícios físicos estimulam o funcionamento do sistema endócrino de forma aguda e crônica, aumentando a secreção de alguns hormônios e inibindo a de outros (Canali e Kruel, 2001). Veremos a seguir como os exercícios físicos podem alterar a produção hormonal, e assim, modificar nosso metabolismo.

Leptina

Antes da descoberta da leptina, em 1994, o tecido gorduroso era considerado apenas um excesso de massa corporal. Após essa data, descobriu-se que a gordura pode atuar como uma glândula, produzindo leptina e outros hormônios, bem como várias moléculas infamatórias.

A leptina é um hormônio fundamental na regulação do nosso sistema homeostático de energia. É liberada pelo tecido adiposo, comunicando ao cérebro a quantidade de gordura que temos armazenada e controlar a nossa saciedade. Quando os níveis de leptina estão baixos, ficamos com fome e quando estão altos ficamos satisfeitos. Em equilíbrio, a leptina nos ajuda a manter um peso saudável e nos permite evitar excessos.

Alguns autores avaliaram a concentração plasmática de leptina após uma única sessão de exercício moderado em obesos e não identificaram alterações significativas. Parece que o efeito dos exercícios físicos sobre a leptina ocorre a longo prazo, e somente quando os exercícios são capazes de mudar a composição corporal do indivíduo, diminuindo sua massa de gordura, que, consequentemente promoverá uma menor secreção da leptina pelo tecido adiposo (Machado W. Et al., 2015).

Insulina e Glucagon

O pâncreas é uma glândula que em sua porção endócrina produz dois hormônios muito importantes para a regulação da glicose no corpo, a insulina e o glucagon. A função do glucagon é aumentar a concentração de glicose plasmática através da glicogenólise e gliconeogênese hepática.

No princípio do esforço físico seus níveis se elevam de forma progressiva até os quinze minutos iniciais do exercício em seguida tende a se estabilizar. Parece haver uma relação linear entre o glucagon e a duração do exercício, ou seja, quanto mais durar o exercício mais glucagon será liberado.

Já a insulina tem como principal função regular o metabolismo da glicose por todos os tecidos, com exceção do cérebro. Funcionando inicialmente reabastecendo as reservas de glicogênio nos músculos e no fígado.

Em seguida caso os níveis de glicose plasmática estiverem ainda altos, ela, faz a captação da glicose plasmática pelas células adiposas que as transformam em triglicérides. Como no exercício, há uma estimulação de glucagon, com isso a estimulação da insulina é diminuída. Isto é, há uma relação inversamente proporcional entre o exercício e a insulina, em outras palavras, quanto maior for a duração do exercício menor será a produção de insulina (Macardle et al., 2003).

Adrenalina e noradrenalina

Também chamadas catecolaminas, sua produção parece ser bastante alterada pelo exercício físico. Esses dois hormônios, atuando juntos, tem grande importância no combate a obesidade, uma vez que promovem o aumento do gasto energético total através da maior liberação de glicose e de ácidos graxos na corrente sanguínea, bem como pelo aumento da taxa metabólica (Wilmore JH e Costill DL, 2001).

As catecolaminas são secretadas de forma diferenciada durante o exercício. Parece que intensidades moderadas de exercício (entre 50 e 75% do VO2máx) estimulam a produção de noradrenalina e intensidades mais altas (acima de 75% do VO2máx) estimulam a adrenalina.

Endorfinas

As endorfinas são hormônios produzidos na glândula hipófise e tem reconhecida ação analgésica. É comum relacionar a sensação de bem-estar, conforto, melhor estado de humor e alegria.

Além do seu efeito analgésico, acredita-se que as endorfinas controlem também a reação do corpo à tensão, regulando as algumas funções do sistema nervoso autônomo como as contrações da parede intestinal e determinando o humor.

Os exercícios aeróbicos de moderada intensidade parecem ser os melhores para a estimulação dos níveis plasmáticos de beta-endorfina. Em se tratando de treinamento resistido, parece que a liberação das endorfinas é maior quando o exercício tem. Já no exercício de resistência, maior duração e maiores intervalos de repouso entre as séries (Macardle et al., 2003).

Hormônio do crescimento

O hormônio do crescimento (GH) é produzido pela glândula hipófise e desempenha um importante papel fisiológico. Ele é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento desde os primeiros anos de vida até o envelhecimento.

Enquanto dormimos pela noite ocorre a maior liberação do GH. Após ser secretado, estimula as células do fígado para produzir do IGF-1 ou fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1.

O IGF-1 é essencial para a nossa saúde por estimular o crescimento celular, diminuir o percentual de gordura corporal, aumentar o anabolismo e a definição muscular, aumentar a síntese proteica, aumentar a reparação celular e aumentar a performance cardiovascular.

O exercício físico é capaz de alterar a secreção do hormônio do crescimento. Em geral, observa-se uma elevação na concentração do GH na circulação sanguínea nos primeiros 10 a 15 min de exercício físico, realizado na intensidade de aproximadamente 30% do VO2máx.

Ao fim da atividade a concentração do GH diminui gradativamente até chegar ao valor pré-exercício. Na maioria das vezes, esta redução pode ocorrer em aproximadamente 60 min (Wideman et al., 2002).

Parece que o aumento na produção do GH decorrente do exercício físico é maior em indivíduos sedentários do que em pessoas já treinadas. A maioria dos trabalhos indica que indivíduos não treinados, submetidos a uma sessão de exercício aeróbio, apresentam maior liberação do GH que indivíduos treinados (Weltman et al., 2006).

Na medida em que o organismo se acostuma ao treinamento físico, aumenta sua capacidade adaptativa e, para uma mesma intensidade de exercício já não é necessária tamanha elevação dos níveis de GH.

Assim, para continuarmos a promover aumentos significativos do GH seria interessante prescrever exercícios físicos próximos ou até acima do limiar anaeróbio (em torno de 85% da frequência cardíaca máxima).

Também o treinamento resistido pode ser benéfico para melhorar a secreção do GH. Observou-se maior liberação desse hormônio com o treinamento de musculação envolvendo grande número de repetições e maior síntese e liberação de ácido lático (Kraemer, Ratamess, 2005).

O aumento da acidose intramuscular pode estimular a atividade dos nervos simpáticos por meio de reflexo quimioreceptivo mediado por quimioereceptores intramusculares, aumentando a resposta do GH (Hoffman et al., 2003). Em geral, protocolos de exercícios resistidos com maior volume (10 a 12 repetições) e cargas moderadas (≤ 60%) parecem otimizar a secreção do GH.

Exercício físico e a síndrome metabólica

A síndrome metabólica é um conjunto de anormalidades metabólicas e fatores de risco que aumentam consideravelmente o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares. Estes incluem aumento da glicemia (≥ 5,6 mmol / L), aumento da pressão arterial (≥ 130/85 mmHg), dislipidemia (triglicerídeos no sangue ≥ 1,7 mmol / L e redução do colesterol de alta densidade [HDL-c]) e obesidade central.

A obesidade central reflete o aumento dos depósitos de gordura em torno dos órgãos abdominais (adiposidade visceral) e a medição da circunferência da cintura pode ser utilizada por uma simples ferramenta de triagem para isso, com diferentes limiares específicos da população e do país recomendados (entre 85-102 cm para homens e 80-90 Cm para mulheres). A presença de 3 ou 5 desses fatores de risco constitui um diagnóstico de síndrome metabólica (Alberti KGMM et al., 2009).

Felizmente, a síndrome geralmente pode ser revertida com mudanças de estilo de vida. A combinação de perda de peso e exercício produz o melhor efeito diminuindo os níveis de glicose no sangue, além dos níveis de lipídios e da pressão arterial, que melhoram significativamente com a prática regular de exercícios físicos e dieta.

O risco da síndrome metabólica progredir para o diabetes tipo 2 também reduz em 29-68%, sendo que esta melhoria pode exceder os benefícios das medicações atuais contra o diabetes (Laaksonen DE et al., 2005).

Embora a perda de peso permaneça fundamental para o gerenciamento da síndrome metabólica, o próprio exercício físico, mesmo sem a perda de peso, também melhora os níveis de glicose e HDL-c e reduz o risco de diabetes tipo 2 (Franz MJ et al., 2007).

Evidências recentes também confirmaram que a terapia com exercícios reduz a obesidade central, incluindo os níveis de gordura visceral, com ou sem perda de peso. Este ponto é importante, uma vez que a perda de peso, mesmo com todas as terapias atuais, geralmente é modesta e não é sustentável. Portanto, um foco em exercício físico ao invés de emagrecimento pode gerar melhores resultados fisiológicos.

O estudo Studies of a Targeted Risk Reduction Intervention Through Defined Exercise (Estudos de Intervenção de Redução de Risco Dirigido através do Exercício Definido) comparou os efeitos dos exercícios resistidos, dos exercícios aeróbios e da combinação de ambos, nos componentes da síndrome metabólica.

Realizado no ano de 2011, o estudo teve duração de oito meses, sendo que o treinamento resistido isolado foi realizado três vezes por semana, com oito exercícios para os principais grupos musculares, três series de oito a doze repetições em cada exercício. Já o exercício aeróbio consistiu de 120 min por semana em 75% do consumo máximo de oxigênio (VO2máx); e o exercício combinado foi a junção dos dois protocolos.

Após oito meses, os grupos exercício aeróbio e exercícios combinados apresentaram redução da massa corporal, triglicerídeos e circunferência da cintura, enquanto melhores índices de pressão arterial foram observados apenas no grupo que realizou os exercícios combinados. Quanto ao grupo treinamento resistido isolado, não houve modificações significativas em nenhum componente da síndrome metabólica (BATEMAN et al., 2011).

O papel do profissional da educação física

Os exercícios físicos assumem papel fundamental no estímulo do bom funcionamento do sistema nervoso central e do sistema endócrino. A partir disso há um aumento da taxa metabólica, além da maior eficiência dos processos fisiológicos, incluídas no metabolismo. Mediante isso, o papel do profissional da Educação Física torna-se muito relevante no sentido de motivar seu aluno a prática adequada de exercícios físicos.

Cabe aos professores de Educação Física selecionar conteúdos motivacionais e de se tornar um grande agente motivador frente seus alunos. O professor possui papel fundamental na motivação ou desmotivação dos alunos, pois a metodologia utilizada para desenvolvimento das aulas e treinos. Além do relacionamento aluno-professor e o conteúdo por ele apresentado também influenciam na participação e aderência aos treinos.

Cuidados e restrições

Na ânsia de aumentar o metabolismo e perder peso, muitas pessoas se engajam em um programa de exercícios físicos com dietas muito restritivas e as consequências negativas disso não demoram a aparecer. O profissional deve ficar alerta para reconhecer os sinais de uma dieta muito limitada na fisiologia do seu aluno.

Dietas muito restritivas podem levar a baixo peso e ciclos menstruais irregulares. Drásticas oscilações no peso corporal, podem ocasionar desequilíbrios hormonais importantes, podendo diminuir a produção hormonal (estrógenos são dependentes de gordura). Isto pode afetar a fertilidade e deixar ossos e articulações sem proteção.

Outra preocupação são os casos de anemia, pois uma dieta restritiva significa privação, especialmente de nutrientes essenciais ao corpo como vitamina B-12, folatos e ferro. Esses nutrientes são essenciais para a formação de células vermelhas do sangue.

Um outro cuidado que o profissional deve ter é o de respeitar os níveis de condicionamento físico do aluno. Um trabalho preparatório deve ser feito, com exercícios mais fáceis e básicos, e com menor intensidade. A partir disso, é necessário para preparar o aluno para futuras cargas de treinamento mais intensas, minimizando o risco de lesões.

Conclusões

Os exercícios físicos são uma importante ferramenta para o estímulo e o bom funcionamento do metabolismo. A secreção de diversos hormônios é alterada mediante a prática de exercícios, o que aumenta a taxa metabólica basal. Com isso, o indivíduo o metabolismo funcionará de maneira mais eficaz, gastando mais calorias para viver. A longo prazo, irá ajudar muito no controle do peso corporal e combate a obesidade e a síndrome metabólica.

Os exercícios físicos regulares atuam significativamente regulando os níveis de glicose no sangue, além de reduzir os casos de dislipidemias e baixar a pressão arterial de pessoas com a síndrome metabólica. Contudo, um bom programa de exercícios deverá ser prescrito levando em conta as individualidades do aluno como alimentação e níveis atuais de condicionamento físico.

Referências:
Canali ES, Kruel LFM. Respostas hormonais ao exercício.Rev Paul Educ Fis 2001;15 (2): 141-53.
Wallace Machado, Estêvão Rios Monteiro, Verônica Salerno Pinto. Leptina e exercício físico: mecanismos para controle do peso corporal. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.9. n.54. p.471-480. Jul./Ago. 2015. ISSN 1981-9900.
Mcardle WD, Katch FI, Katch VL.Fisiologia do Exercício Energia Nutrição e Desempenho Humano. 5ª ed, Guanabara. Rio de Janeiro, 2003
Wilmore JH, Costill DL.Fisiologia do exercício e do esporte. 2ªed. Manole, 2001.
WIDEMAN, L.; WELTMAN, J. Y.; HARTMAN, M. L.; VELDHUIS, J. D.; WELTMAN, A. Growth hormone release during acute and chronic aerobic and resistance exercise: recent findings. Sports Med., v.32, p.987-1004, 2002.
WELTMAN, A. J.; WELTMAN, J. Y.; PRITZLAFF, C. J. R.; WIDEMAN, L.; PATRIE, J.; EVANS, W. S.; VELDHUIS, J. D. Growth hormone response to graded exercise intensities is attenuated and the gender difference abolished in older adults. J. Appl. Physiol., v.100, p.1623-1629, 2006.
KRAEMER, W. J.; RATAMESS, N. A. Hormonal responses and adaptations to resistance exercise and training. Sports Med., v.35, p.339-361, 2005.
HOFFMAN, J. R.; JOOHEE, I. M.; RUNDELL, K. W.; KANG, J.; NIOKA, S.; SPEIRING, B. A.; KIME, R.; CHANCE, B. Effect of muscle oxygenation during resistance exercise on anabolic hormone response. Med. Sci. Sports Exerc., v.35, p.1929-1934, 2003.
Alberti KGMM, Eckel RH, Grundy SM, et al. Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the International Diabetes Federation Taskforce on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation 2009; 120: 1640–45.
Laaksonen DE, Lindstrom J, Lakka TA, et al. Physical activity in the prevention of type 2 diabetes: the Finnish diabetes prevention study. Diabetes 2005; 54(1): 158–65.
Franz MJ, VanWormer JJ, Crain AL, et al. Weight-loss outcomes: a systematic review and meta-analysis of weight-loss clinical trials with a minimum 1-year follow-up. J Amer Diet Assoc 2007; 107(10):1755–67.
BATEMAN, L. et al. Comparison of aerobic versus resistance exercise training effects on metabolic syndrome (Studies of a Target Risk Reduction Intervention Though Defined Exercise – STRRIDE – AT/RT). Am J Cardiol, v. 108, p. 838-844, 2011.


sábado, 18 de julho de 2020

APÓS QUANTO DIAS SEM TREINAR EU COMEÇO A FICAR FORA DE FORMA?


Paola Machado

Mesmo para quem tem a atividade física como parte consolidada da rotina, é normal ficar um tempo sem treinar em algum momento da vida –seja por uma viagem de férias, seja por uma gripe, seja por exigências profissionais.

Mas após quantos dias sem fazer exercícios você começa a "perder" os ganhos físicos que levou meses (ou anos) para conquistar?

Não existe uma regra e isso varia de pessoa para pessoa, mas a seguir mostro algumas perdas que ocorrem com o destreinamento –só não confunda parar de treinar com dias de descanso, ok?

Em pessoas treinadas

 – Redução de força e resistência muscular

A maioria das pessoas começa a reduzir a força cerca de duas a três semanas após o período de inatividade. Mas isso depende muito do motivo pelo qual você precisou fazer esse intervalo. Por exemplo: se parou por conta de uma doença,  lesão ou estafa, você começará a perder força depois de duas a três semana. Agora, se ficou sem treinar por causa de uma viagem, férias, etc., sem nenhum motivo de saúde, essa redução de força pode demorar até cinco semanas.

Uma revisão publicada no Medicine and Science in Sports and Exercise analisou corredores, remadores e atletas de potência e mostrou que as fibras de força muscular parecem não mudar mesmo após um mês de inatividade. Entretanto, embora a força geral não mude muito nesse período, fibras musculares específicas para determinados esportes começam a mudar em apenas duas semanas sem treino. Por exemplo, atletas de resistência perdem uma quantidade significativa de fibras musculares de contração lenta e atletas de força reduzem significativamente suas fibras musculares de contração rápida.

O corpo trabalha para manter a força enquanto pode, mas habilidades que são muito especializadas para certos esportes irão diminuir mais rapidamente. Porém, se houver a treinabilidade, ou seja, se é uma pessoa que treina com comprometimento durante meses consecutivos, nada como a memória muscular para restabelecer o condicionamento assim que você retornar ao treino.

– Capacidade aeróbica 

Agora, falando em condicionamento cardiovascular e respiratório, estudos mostram que essa capacidade diminui muito mais rapidamente do que a força. Você nunca percebeu que quando fica muito tempo sem treinar, mesmo praticando há anos corrida, se torna mais custoso subir um lance de escadas?

Para você ter uma ideia, um estudo com ciclistas descobriu que quatro semanas de inatividade resultam em uma redução de 20% do VO2 max, que mede a capacidade máxima de uma pessoa de receber, transportar e utilizar oxigênio durante o exercício. Os resultados foram evidentes também em um outro estudo, que descobriu que, após 12 dias de inatividade, o VO2 max caiu em 7% e as enzimas no sangue associadas ao desempenho de resistência diminuíram em 50%.

Mas, por incrível que pareça, por mais que perca mais rapidamente o condicionamento cardiovascular, é muito mais fácil e rápido recuperá-lo, em comparação à força muscular.

Iniciantes 

– Redução de força

Em um estudo, pessoas que não eram treinadas começaram um treino e fizeram uma pausa de três semanas no meio de um programa de 15 semanas de um exercício de supino. Os voluntários que interromperam a atividade física terminaram a pesquisa com níveis de força semelhantes aos daqueles que não fizeram a pausa. Já um outro estudo mostrou que seis meses depois de abandonar um programa de treinamento de força de 4 meses, houve ainda a manutenção de 50% do ganho de força.

Vale explicar também que entre os iniciantes a força excêntrica, isto é, a força usada para alongar a musculatura (fase de "relaxamento" do movimento), pode ser mais difícil de perder do que a força concêntrica, que é quando o músculo é contraído. Um estudo com 13 homens não treinados descobriu que, três meses após o término de um programa de treinamento de três meses, eles mantiveram seus ganhos de força excêntrica, mas não sua força concêntrica.

O que é importante ressaltar é que, comparado a pessoas treinadas, iniciantes têm uma probabilidade menor de perder significativamente a força em um período de "folga" dos treinos, já que as conquistas também são pequenas. Enquanto os treinados estão com o nível de treino mais avançado, os iniciantes estão em um processo de adaptação.

– Capacidade aeróbica

Como nos treinados, o cardio é um pouco mais sensível ao tempo de folga. Um dos melhores estudos sobre os efeitos do destreinamento sobre ganhos de aptidão descobriu que os ganhos de VO2 max que foram feitos nos últimos dois meses são completamente perdidos após quatro semanas de inatividade.

Vale lembrar que há variáveis que devem ser levadas em consideração, como a idade, o gênero etc. Um estudo mostrou que, quando comparados a pessoas com 20 e 30 anos, os idosos perderam força quase duas vezes mais rapidamente do que pessoas mais novas durante um período de "destreinamento" de seis meses.

E, novamente, o motivo da pausa no treino é um fator importante. Quando os cientistas injetaram em voluntários inativos hormônios que imitavam o estresse de trauma ou doença, eles tiveram uma diminuição de 28% na força em 28 dias –uma taxa maior que a média.

Dicas para não perder o condicionamento

Independentemente de tudo o que foi exposto aqui, tenho que reforçar que é difícil manter anos após anos a rotina de treino sem uma pausa. Se isso acontecer, siga as dicas abaixo.

* Não pare de fazer aeróbico, mesmo que leve Não deixe de caminhar e manter uma rotina ativa, mesmo que não veja isso como um treino. Como falei, o condicionamento aeróbio é o mais fácil de reduzir; por isso, caminhadas na praia ou mesmo ao ar livre papeando com um amigo sempre são uma boa saída.

* Não pare de fazer aeróbico, mesmo que leve Não deixe de caminhar e manter uma rotina ativa, mesmo que não veja isso como um treino. Como falei, o condicionamento aeróbio é o mais fácil de reduzir; por isso, caminhadas na praia ou mesmo ao ar livre papeando com um amigo sempre são uma boa saída.

* Não avacalhe na alimentação Não é porque está de férias ou mesmo parou de treinar por algum motivo que você vai desandar na alimentação. Evite alimentos muito calóricos, junk foods, alimentos industrializados. Opte por uma alimentação equilibrada e distribua a alimentação no seu dia de forma apropriada para evitar sobrecarregar refeições.

* Foque em voltar a treinar Se você não conseguir treinar por alguma lesão, não se sinta culpado. Se esforce para se recuperar, despenda energia para sua recuperação e tenha paciência.

Referências:
 – Bruusgaard J.C.; et al. Myonuclei acquired by overload exercise precede hypertrophy and are not lost on detraining. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 2010 Aug 24;107(34):15111-6. – Mujika I.; et al. Muscular characteristics of detraining in humans. Medicine & Science in Sports & Exercise, 2001 Aug;33(8):1297-303. – Madsen K.; et al. Effects of detraining on endurance capacity and metabolic changes during prolonged exhaustive exercise. Journal of Applied Physiology, 1993 Oct;75(4):1444-51. – Coyle E.F.; et al. Time course of loss of adaptations after stopping prolonged intense endurance training. Journal of applied physio.

sábado, 11 de julho de 2020

OS BENEFÍCIOS DA CORRIDA EM CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO

O esporte melhora o humor, o sono, a resistência física e a saúde. Veja quanto tempo você precisa esperar para colher essas e outras vantagens

Por Lucas Imbimbo

Algumas pessoas começam a correr e logo desistem, por achar que o exercício não está dando resultados. Porém, a atividade física traz muitos ganhos que não conseguimos ver no espelho ou perceber na balança. Muitos deles, inclusive, são praticamente imediatos e você começa a colher no momento em que aperta o botão stop do seu relógio (ou até mesmo durante o treino). Já outros são garantidos em um prazo maior. A seguir, apresentamos os principais benefícios da corrida e quanto você precisa esperar para obter cada um deles. As informações foram levantadas com ajuda de Lucas Caseri, médico do esporte e consultor da Nutrifty, linha de alimentos da Integralmédica.
BENEFÍCIOS AGUDOS (IMEDIATOS)
Melhora do humor
Quando você corre por mais de 30 minutos, seu organismo começa a produzir neurotransmissores (como a endorfina) responsáveis pela sensação de euforia, prazer e relaxamento. Eles turbinam o humor. O exercício ainda ajuda a aumentar o nível de testosterona, hormônio ligado ao vigor e à disposição física.
Redução da pressão arterial
A atividade física diminui a pressão arterial em repouso. Isso reduz o estresse do organismo e melhora seu desempenho em tarefas diárias de grande tensão – como uma reunião importante com o chefe. Mais: em longo prazo, a hipertensão (pressão alta) é uma das principais causas de problemas como infarto e AVC.
Regulação do apetite
É muito comum os atletas terminarem o treino sem a menor vontade de comer. “O exercício têm efeito anorexígeno, ou seja, tira o apetite”, explica Lucas Caseri. Cientistas acreditam que os neurotransmissores produzidos durante a corrida inibem a ação de substâncias que enviam o sinal de fome ao cérebro. Uma pesquisa da Universidade de Aberdeen (Reino Unido) ainda aponta que a atividade física reduz o desejo por comidas pouco saudáveis, melhorando sua alimentação.
BENEFÍCIOS SUBAGUDOS (DE 1 a 3 MESES)
Ganho de resistência
Depois de três ou quatro semanas de atividade física já é possível perceber uma melhora no seu condicionamento físico. Subir escadas, andar até o ponto de ônibus ou brincar com seu filho, por exemplo, vai ficar muito mais fácil. Isso acontece, principalmente, devido à melhora das funções do sistema cardiorrespiratório e do aumento de glicogênio (combustível) muscular e de organelas (responsáveis pela produção de energia). .
Ajuste de temperatura
Como dito no item anterior, a corrida torna mais eficiente a produção energética em nosso corpo. Isso aprimora o controle da temperatura corporal, que é muito importante para evitar interferências em mecanismos fisiológicos como frequência cardíaca, frequência respiratória, metabolismo celular, digestão, sono, entre outros.
Melhora do sono
Há vários motivos que fazem a corrida garantir uma boa noite! Os principais deles são a melhor regulação da temperatura corporal, a liberação de substâncias relaxantes no organismo e o gasto do estoque de energia. Só fique atento: “Para algumas pessoas, fazer atividade física perto da hora de dormir pode prejudicar o sono. Isso porque, nosso organismo tende a ficar mais agitado ao término de um exercício. O recomendado é treinar pelo menos duas horas antes de se deitar”, orienta o médico do esporte Lucas Caseri.
BENEFÍCIOS CRÔNICOS (ACIMA DE 3 MESES)
Adaptações ortopédicas
As articulações, tendões, ossos e ligamentos ficam mais fortes. Assim, há um menor risco de torções, fraturas e problemas como osteoporose. “Para estimular essa evolução sem sobrecarregar o corpo, é importante aumentar progressivamente, sem pressa, a intensidade e o volume (distância) do exercício”, alerta Caseri.
Maior longevidade
Diversos estudos confirmam que a corrida reduz o risco de morte precoce e faz com que você viva por muito mais anos do que se não treinasse. Motivo: a atividade física regular inibe o aparecimento de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes,depressão e até alguns tipos de câncer.